terça-feira, 17 de julho de 2012

ENTREVISTA DO MÊS

NOME: William Dreher


IDADE: 26 anos 
 PROFISSÃO: DJ e Empresário 




  1. Com quantos anos que você percebeu se interessar por meninos?
 – Na verdade não sei exato quando, mas me lembro que, desde muito novo meninos me chamavam atenção, mas como fui criado com base no “padrão do certo” pela sociedade, considerava aquilo errado. Tentei tirar esses pensamentos e sentimentos de mim, até na igreja fui para isso. Mas não adiantou, fazia parte de mim, não tem como tirar, é como amputar uma perna. 


 2. Como foi a reação da sua família ao saber? 
– Eu levei alguns anos para aceitar, precisei me afastar da minha família, dos conhecidos e fui morar no Rio de Janeiro. Contei pra minha mãe logo que voltei para POA e ela aceitou numa boa. Para meu pai, demorou mais um pouco, pois sabia que ele não aceitaria. Quando ele ficou sabendo, sofri muito, pois ele ficou um ano sem falar comigo, mas depois ele me procurou, me pediu desculpas e disse: Aceitar eu não vou, nunca, mas vou te respeitar. Tu sabe o que é melhor pra tua vida! E hoje todos sabem e respeitam, pois eu me dou o respeito!



3. Quantos anos como DJ? 
– Sou DJ há um ano e meio, mas sempre trabalhei com festas e eventos, desde meus 16 anos. 


 4. Existe diferença entre tocar no meio LGBT e no meio hetero? Se sim, qual?
 – Diria que o público LGBT é bem mais exigente. Já toquei em festa hetero que o povo não ligava pra música que estava tocando, mas nas casas LGBT além de dançarem, o povo curte o som e presta atenção em cada TRACK que é lançada na pista. Exige bem mais do DJ.


5. Como se sente ao ver o carinho do público e o reconhecimento pelo seu trabalho? 
– É o que eu sempre digo, não há cachê que pague a minha alegria quando estou tocando em uma festa e alguém vem me dar um abraço ou vibrar pertinho das pick-ups por uma música que toquei. Tem festas que, depois de tocar, desço pra pista e a galera vem falando que o som tava de primeira, que curtiram de mais. Isso é o que me motiva a cada vez melhorar e dar mais de mim em cada festa. Junto com isso, vem o reconhecimento das boates e eventos, confiando em minhas mãos a tarefa de animar as suas festas!


 6. Existe muita rivalidade no meio dos DJ's?
 – Na minha inocência eu achava que não, até porque sempre fui muito amigo de vários DJs e pensava que todos eram assim. Mas como em qualquer área, sempre haverá alguém que vai cruzar seu caminho para tentar te atrapalhar. Mas, costumo dizer que pra mim cada obstáculo serve como um trampolim para eu chegar mais rápido ao meu objetivo. Passei por uma situação muito ruim em meio a um concurso, mas isso só me abriu os olhos e me motivou a mostrar pra todo mundo quem eu sou. Com humildade, me aproximei mais das pessoas que estavam comigo e segui em frente.


7.Na sua opinião o que é preciso para combater o preconceito?
 – Primeiro lugar falta atitude do público LGBT. Muitos têm medo de assumir quem realmente é e se escondem para a família e sociedade. Muitos também são inertes quanto aos eventos do meio, como as Paradas Gay, alegando que isso ou aquilo está errado. Reclamam que o mundo é preconceituoso mas não fazem nada para mudar. O pior preconceito é não assumir quem realmente você é. 


 8.Qual a importância de uma parada livre na sua opinião?
 – A Parada Gay, ou Parada Livre serve para mostrar para a sociedade quem realmente somos. Existem vários tipos de homossexuais, aqueles que mudam suas vidas e se tornam transexuais, outros que se transformam para subir em um palco, outros que tem atitudes afeminadas e também aqueles que simplesmente gostam de outros homens, mas não demonstram ser. Durante as Paradas, todo tipo de homossexual se une para passar momentos de alegria, assistindo shows, ouvindo música e se divertindo com os amigos. As famílias hetero também vão. A dona de casa, que jamais iria deixar a família para ir a um clube de stripp, por exemplo, se diverte ao ver os gogo boys desfilando seus corpos só de sunga no palco, dançando e “sensualizando”. Muita coisa tem que melhorar sim, como o fato de algumas pessoas se exibirem e extrapolarem na sensualidade durante as Paradas, mas isso com o tempo melhoram e cada vez mais as famílias poderão participar.


9. Um momento marcante, feliz em su carreira?
 – Foram vários momentos, cada lugar novo que eu vou é marcante, mas de todos foi o dia 6 de agosto do ano passado que duas coisas muito importantes aconteceram. Comecei meu namoro e foi o dia da Bitch Party. Sempre frequentei o Cine Theatro e sonhava em um dia estar no comando daquela festa. Aquele dia foi com certeza o mais marcante. Este ano estou preparando no dia 11 de outubro uma festa que com certeza ficara na minha história, pois marcará uma nova era na noite LGBT gaucha!


 10. Um momento triste, uma decepção em sua carreira? 
– Não digo um momento, mas algumas atitudes. As chamadas “panelinhas” que infelizmente existe. Já toquei em praticamente todas as casas do RS, mas algumas simplesmente não abrem espaço impedindo o público de conhecer nosso trabalho. Isso me entristece muito.


11. Qual seu maior sonho?
 – Meu maior sonho é ter a minha Boate. Já tenho um projeto todo pronto, com muitas ideias que se diferenciam de tudo que existe hoje em dia. Tenho trabalhado pra isso, por que dormindo, sonhos são apenas sonhos, mas trabalhando, sonhos se tornam realidade! 


 12. Você já sofreu algum tipo de discriminação? Se sim, como lidou com isso? 
– Por não demonstrar minha homossexualidade, não por medo, mas sim por meu estilo mesmo, dificilmente passo por situações de preconceito, mas também já ouvi muitas piadinhas e sempre tenho uma resposta educada na ponta da língua. Não sou de brigar, mas consigo acabar com uma pessoa com uma resposta. Quem me conhece sabe do que estou falando. (risos)



13. Você tem alguém que você se inspira dentro do meio LGBT, e alguém fora? 
 – Me inspiro muito em quem hoje tenho como um grande amigo. O DJ Samuel Thomas. Ele foi o primeiro DJ que vi tocando aqui no RS e sempre curti o seu estilo musical. Tive a grande sorte de conquistar além do carinho de fã, uma amizade com essa pessoa que não tenho palavras para descrever. Os poucos momentos que passamos juntos, dentro de uma boate ou fora, sempre foram regados com muita conversa, conselhos e carinho. Samuel sabe que te levarei pra sempre como meu amigão e como um ícone na minha carreira! 


 14. De onde vem as inspirações para montar os seus SET? 
– A inspiração vem do momento. Procuro sempre ouvir a opinião dos meus amigos e ficar ligado no que mais esta fazendo a cabeça da galera. Mudei meu estilo musical por isso, para sempre surpreender nas festas. Comecei tocando Tribal, hoje toco Dutch House e o público tem curtido bastante essa inovação.


15. Deixe um recado pros leitores do blog. 
– Bom galera, ai ta um pouquinho de quem é o DJ Will Dreher, espero que todos tenham a oportunidade de um dia curtir uma festa comigo, vibrar na mesma vibe que eu, pois com certeza tenho dado o melhor de mim para alegrar suas noites. Quero mandar um grande beijo pro Roberto que há um ano esta do meu lado, passando por todos os momentos juntos, me apoiando e sendo minha base. E quero mandar um grande beijo (selinho) pra todos meus amigos que amo e carrego sempre dentro do meu coração! Obrigado a Carol e a ONG pela oportunidade de estar em destaque nesta entrevista aqui no blog. Último recado, em outubro quero todos na BITCH PARTY – Sweet fantasY se divertindo junto comigo e com os melhores DJs de música Eletrônica do Rio Grande do Sul, até lá!

Nenhum comentário: